sábado, 30 de abril de 2011

Manda quem pode...

A educação é uma das atividades necessárias ao desenvolvimento da espécie e assim, da construção do mundo, tendo um valor tão grande como questão fundamental à vida e que merece ser olhada e pensada da maneira mais criteriosa possível quando envolve os alunos, a equipe, escola, enfim todo universo que suporta essa função de educar. Educar não é um conto de fadas em que no final todos viverão felizes para sempre. Cada dia é um dia muito importante nessa construção e um tijolo colocado no lugar errado fará muita diferença.
Sendo assim, quem manda na educação? Para Humberto Gessinger , “toda forma de poder é uma forma de morrer por nada”. Que poder nós temos como educadores ao pensarmos a educação? Cabe dentro dessa questão tão nobre elevarmos tanto a nossa autoridade sem olharmos as reais necessidades dos nossos alunos? Qual o limite para nós, condutores dessa construção, ao nos depararmos com tanta carência afetiva e material? No livro “O pequeno príncipe”, Antoine de Saint-Exupéry faz a seguinte colocação: “É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar. A autoridade se baseia na razão. Se ordenares a teu povo que ele se lance ao mar, todos se rebelarão. Eu tenho o direito de exigir obediência porque minhas ordens são razoáveis”.
Nós mandamos. Nós temos o poder de conduzir o rumo que queremos para o ano letivo de cada turma. É dado a cada membro da sociedade escolar esse poder. No entanto, deveríamos ter o grande poder de conduzir a construção da aprendizagem de uma forma sensata que respeite os limites dos nossos alunos, como do espaço de sala de aula e de toda a comunidade escolar envolvida. Mas, às vezes, esse poder passa do que é sensato e infelizmente, há o esquecimento da didática, da pedagogia, do juramento de comprometimento com a causa.
Um aluno, sua família, sua comunidade, enfim, todas as questões que o cercam e o formam como sujeito da educação, está presente na sala de aula e exerce com suas características uma influencia marcante em cada dia de interação. Por isso, o olhar dispensado a ele quando inserido na escola deveria ser aquele que situa o conjunto e o integra às possibilidades existentes à construção da sua aprendizagem; assim como, se existe dele a disposição para acompanhar o grupo.
Assumimos sim um compromisso. Atender a essa causa da educação tendo em vista suas necessidades e limites sabendo dos nossos próprios limites, sabendo dos limites das nossas atitudes. A realidade existe. Por vezes, há a construção de um planejamento tão rico e com uma expectativa positiva sobre a resposta da turma para seu desenvolvimento, e no entanto, a realidade que nos espera na hora da entrada é aquela que proporciona uma rápida reflexão do que se faz ali na frente de uma turma com uma história tão cruel de violência, abuso, fome, que ninguém em sua plena consciência gostaria de escutar. Mas é justamente aí que entra o nosso comprometimento. Pensar na realidade sem querer reformá-la a qualquer custo, ou passar por cima dos limites da realidade da comunidade escolar, por causa da nossa autoridade como pessoas mais esclarecidas. É nessa hora que entra a nossa razão como seres humanos. O que nos cabe fazer levando em consideração o nosso papel como educadores do mundo? Devemos escrever pelos nossos alunos ou ensina-los a escrever, auxiliando quando necessário, às vezes pegando em sua mão? Somos o exemplo, somos a autoridade que ensina e que exerce influencia. Somos atores num espetáculo em que a caminhada da vida, bem estruturada, é o objetivo e assim, a mensagem final.