Seria você ou eu, o próximo escolhido ao
paredão? Por afinidade ou força? Qual critério mais inteligente e estratégico
levaria um de nós a ser eliminado de um grupo do qual fazemos parte em nosso
dia a dia? Somos amados ou temidos?
Talvez o participante Dhomini saiba a
resposta para essas perguntas, estando mais forte nessa edição do programa Big
Brother Brasil. Ainda mais porque vem fortalecido pela leitura que faz, dentro
da casa, dos pensamentos de Robert Greene no livro “As 48 leis do poder”. E uma
das citações que me chamam atenção nesse livro, é a de Maquiavel: “é melhor ser
temido que ser amado”. Por que ela é tão significativa?
Penso que num jogo de estratégia como é esse
reality show, o objetivo é chegar ao último dia, saindo de lá com o prêmio
máximo em dinheiro e todo o glamour oferecido pela mídia. Apenas um jogo real,
uma representação dos jogos de tabuleiros que muitos de nós jogávamos quando
era criança. Lembro-me de LUDO. Contávamos com a sorte dos dados para
direcionar a quantidade de casas que iríamos andar com nosso peão, mas
precisávamos analisar o tabuleiro a fim de administrar bem todos os movimentos
que faríamos. Assim como WAR, o jogo da guerra. Se você não eliminar, será
eliminado. Sendo que a grande diferença e o que justamente nos causa euforia no
BBB é justamente o fato de estarmos de fora, observando e refletindo, mesmo que
indiretamente, como seriam nossas atitudes como jogadores.
“O objetivo da guerra é a paz” por Sun Tzu
em “A arte da guerra”.
Voltando à pergunta inicial desse meu
artigo, considero um jogo de estratégia, cada momento de nossa vida diária. O
ambiente de trabalho é um grande e fabuloso Big Brother. Se não soubermos
administrar a convivência com nosso grupo e houvesse um paredão semanal, estaríamos
sujeitos a ter que indicar ou sermos indicados à eliminação. É necessário
sabedoria para guerrear no sentido de
ter que conviver e administrar o contato com as outras pessoas, exatamente no
mesmo objetivo da paz e da conquista da satisfação do cliente, da realização do
objeto construído por aquele estabelecimento, das resoluções do escritório,
enfim, de tudo o que cada grupo tem a oferecer ao mundo.
E quanto a ser amado ou temido, a primeira
eliminada do programa, a jogadora Aline, talvez tenha falhado por não saber
controlar o que pensa. Justamente como consta no livro citado de Robert Greene,
quando ele disserta: “As pessoas na sua maioria são como um livro aberto. Elas
dizem o que sentem, não perdem oportunidade de deixar escapar opiniões e, constantemente,
revelam seus planos e intenções. Elas fazem isso por vários motivos. Primeiro,
é fácil e natural querer sempre falar dos próprios sentimentos e planos para o
futuro. É difícil controlar a língua e monitorar o que se revela. Segundo,
muitos acreditam que sendo honestos e francos estão conquistando o coração das
pessoas e mostrando a sua boa índole. A honestidade é na verdade uma faca sem fio, mais sangra do
que corta” .
E sangra muito, se não soubermos
administrar a dosagem com a qual a lançaremos em relação às outras pessoas. É
uma questão de discernimento, saber perceber o efeito que nossas palavras e
atitudes terão sobre o nosso alvo. Por isso, saber jogar o melhor e mais
interessante jogo, que é a VIDA, é garantir o sucesso de nossa índole, conquistando
nosso espaço e nos aprimorando. Mas para isso, estrategicamente administrar
nossas atitudes, observando o grupo, sabendo ceder na hora certa, procurando
aprender mais que ensinar, enfim, interagir com o que a vida nos oferece e
sobre o qual não temos controle, que é a força regente da natureza superior a
nós e dessa forma, construir a nossa melhor existência.
Fica a sugestão para esses livros “A arte da
guerra” e “As 48 leis do poder”, ressaltando que o objetivo da leitura é apenas
o aprimoramento pessoal. Inclusive, o clássico “O pequeno príncipe” contém
muito do que Sun Tzu ensina sobre as ordens de um coronel em relação ao seu
exército. Conceitos que podem e são utilizados por grandes líderes e
administradores de empresas.
Sendo assim, sejamos sempre nossos grandes e
melhores irmãos. Observados e admirados, em primeiro lugar, por nós mesmos,
tendo como nosso maior inimigo, a nossa própria índole. Sejamos sempre
vigilantes para que esse adversário tão cruel não nos elimine na primeira
semana de estreia em grupos novos. Estejamos atentos aos dados lançados e às
escolhas que devemos tomar em relação à quantidade e qualidade dos passos que
temos à nossa disposição para serem utilizados. Que o poder da nossa
personalidade esteja sempre a favor de uma vida saudável, harmônica e assim,
pacífica.