quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Cultivar a educação.

(Gabriela Pujol Bell Fernandes – educadora).

Ao bom desenvolvimento do ser humano é que se destina a educação existente nas relações sociais e nas questões que fazem parte da construção da vida. O ser humano acontece na vida porque precisa ser. Ele é um membro do universo e, para exercer suas funções como elemento necessário ao desenvolvimento da sua própria existência e das interações que se fazem importantes ao caminhar, precisa crescer como ser vivo.
“ O homem existe como ser que deve ser educado”, assim pensa Charles Hadji em “Pensar e Agir a Educação”. Mas que educação é essa? Como educar o ser humano? Ele precisa se desenvolver e é necessário que esteja ciente dessa necessidade. Desde que é concebido existe dentro da necessidade que é viver, manter-se estruturado como organismo vivo no mundo da vida. Precisa da educação. Precisa entender-se como sujeito e para isso, precisa de autonomia para construir sua própria existência.
Então, o ser humano, como ser vivo e principalmente na infância, precisa do Outro que exercerá essa função de educador. É como cultivar jardins como descreveu William e Martha Sears em “Crianças bem resolvidas”, “ um pai sábio é como um jardineiro. O jardineiro não pode controlar as características das plantas do jardim – coisas como a cor – mas pode retirar ervas daninhas, podar a planta e fertilizá-la para que desabroche de forma mais bela. Anos de modelagem ajudam as crianças a construir autocontrole, a aptidão para fazer suas próprias escolhas sábias”.
Por isso, toda criança nasce no meio social e tem, exceto em casos patológicos, capacidades como outras crianças. Precisa de um sistema que lhe permita o desenvolvimento, e esse é aquele que acredita ser a infância a base de um adulto capaz, livre, saudável, bem desenvolvido, aberto à construção da sua vida. “Se a criança é o futuro do homem, não se pode mais pensar a educação como controle social e transmissão de valores adultos. A educação só é possível, na medida em que o sujeito for modificável; precisamos saber se o indivíduo não está fechado em alguma barreira inexorável de ordem biológica ou psicológica”, assim escreveu Charles Hadji no mesmo livro.
Em que sistema de educação estamos inserindo nossos alunos? Proporcionamos às crianças crescimento capaz de se tornarem adultos bem desenvolvidos? “Assim a verdade está no limite da educação, sabendo-se que esta não pode determinar um fim. O homem é o futuro do homem”, afirma Charles Hadji.
Educar para o verdadeiro desenvolvimento. Sabendo que cada flor, cada planta precisa do seu próprio espaço; tem suas necessidades, suas características, assim como suas limitações. Cultivar todas no limite do espaço à elas cedido como jardim, mas observar o crescimento, compreendendo a contribuição que cada uma oferece.
Artigo publicado na Tribuna de Petrópolis – 11/08/2010.

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