quarta-feira, 1 de setembro de 2010

E o comprometimento com a educação...

Agora é oficial. Divulgado o calendário de reposição das aulas perdidas com a greve dos servidores da educação, torna-se mais clara a situação da conseqüência dessa movimentação pela cidadania. E então, surge novamente a questão sobre o que é mais importante no ato de educar. Haverá a reposição, mas esta será mais no papel oficial dos documentos como as pautas de cada turma ou no papel do caderno dos alunos?
A movimentação de greve é um ato social. De acordo com a definição do dicionário Larousse, greve significa “parada coletiva, voluntária ou coletiva, do trabalho ou do estudo, para obter o atendimento de reivindicações”. Fisicamente, toda vez em que um corpo muda a sua posição ocorre um movimento. Sendo assim, para que serviu o movimento de greve?
De um lado, os servidores estavam no direito de parar, mas, e os alunos, tinham o direito de ficar parados? Agora com a reposição aos sábados, os alunos têm o dever de estar na escola, no entanto, sem qualidade do ensino que receberiam nos dias letivos normais de 2ª a 6ª feira, pois é fato que se houver um número pequenos de alunos em sala não há condições de iniciar conteúdo novo.
As escolas, que cumprem o calendário, precisam estar abertas e é preciso que os servidores estejam à disposição dos alunos que quiserem participar desse momento escolar aos sábados e nas duas segundas-feiras que antecedem os feriados em setembro e outubro. Em reportagem à Tribuna de Petrópolis, publicada dia 13 de agosto, Yuri Moura, presidente da União Estadual dos Estudantes, afirmou o seguinte: “sabemos que aulas aos sábados nem sempre dão certo, mas não há outro jeito. A nossa posição era que os estudantes não perdessem o ano letivo. Se foi esta a decisão dos professores e governo, temos agora que apoiar e fazer campanha junto com os alunos para que o calendário seja realmente cumprido”.
Cabe, sim, aos alunos prestar atenção ao cumprimento do calendário, mas pensando em cidadãos que eles são, batalharão, dessa forma, pelo direito de terem aulas, mas será que a comunidade escolar lhes oferece esse espaço para exercerem a cidadania? A educação, numa proposta construtivista, é aquela que fornece ao aluno a participação no que aprende, assim ele constrói o conhecimento. Sendo que, essa construção só é possível se houver espaço. Esse aluno precisa estar conectado ao sistema e à comunidade escolar, numa espécie de troca, pois só assim estará motivado a freqüentar as aulas.
A escola pública não tem capacidade para ter tanto comprometimento com a causa da educação como a escola particular? Ano passado, com a paralisação por causa da gripe suína, houve a reposição aos sábados em escolas particulares que tiveram índice de freqüência beirando os 100%. Já, esse ano, em 14 de agosto, no primeiro sábado de reposição nas escolas públicas, por causa da greve dos servidores, algumas escolas que deveriam estar abertas aos alunos, receberam em seu espaço físico a campanha de vacinação contra Poliomelite. Ou seja, o calendário da vacinação, que é nacional, não foi examinado para que houvesse a construção do calendário de reposição?
Sendo assim, alunos e servidores têm direitos mas também são cidadãos por terem deveres, e infelizmente, nessa situação de greve em Petrópolis perdeu-se a manutenção dessa questão tão nobre chamada Cidadania.
Artigo publicado na Tribuna de Petrópolis – 18/08/2010

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