quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O poder das eleições.
(Gabriela Pujol Bell Fernandes – educadora).

É época de eleição. É época também dos panfletos e jornais que enchem as caixas de cartas e também são distribuídos nas ruas, acabam parando na mão dos eleitores que às vezes lêem, às vezes jogam no lixo ou na rua. Sem falar das placas; assim como os carros de som que circulam com propaganda à base de repetição. Tudo isso para auxiliar os eleitores a escolherem seus candidatos. É uma questão de educação pública e social. Onde entra a construção do conhecimento do cidadão eleitor sobre a capacidade política de um candidato? Será que toda essa campanha alcança seu objetivo?
Os políticos têm um poder imenso sobre a população de seu município ou região. São eleitos pelo povo que confiou neles. Para Paul Strathern em “Foucault em 90 minutos”, “Foucault reconhecia que o mais importante aspecto do poder estava nas relações sociais. O poder estava também envolvido na produção e uso do saber”. Por isso, a interação com o eleitor que visa o real entendimento daquilo que lhe é necessário demonstra o poder existente de um político interessado na sua comunidade, pois expressa a exata função dos cargos políticos, a representação do povo.
A campanha é válida para que surjam, ao eleitor, as possibilidades de escolha. No entanto, uma boa construção de conhecimento se dá pela vivência e entendimento daquilo que se quer apreender, como propôs Foucault, no mesmo livro citado, “ o conhecimento sempre tinha um propósito: era caracterizado por uma vontade de dominar ou apropriar. O conhecimento era buscado por sua utilidade: era potente e instável”.
Dessa forma, o conhecimento sobre os candidatos contido na propaganda é válido se o eleitor tiver como entende-lo para que não aconteça como o grupo Engenheiros do Havaí canta em “toda forma de poder” , “eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada. O fascínio é fascinante; deixa a gente ignorante fascinada e é fácil ir adiante e esquecer que a coisa toda está errada”.
O eleitor, nesse caso, está longe de ser ignorante, pois conhece muito bem suas questões sociais, mas precisaria de uma educação conscientizadora melhor no sentido de escolher o candidato que consegue estabelecer com ele, um vínculo entre as suas necessidades e as verdadeiras intenções para supri-las.
Por isso, voltemos a Paul Strathern, “Foucault delineia as transformações do poder que ocorreram com as modificações do conhecimento. Como esperamos compreender as transformações de poder e na estrutura da sociedade sem ter explorado muito dos seus aspectos mais relevantes?”.
Sendo assim, muito bem educados social e politicamente seriam o candidato e o eleitor que estivessem em comum acordo sobre o que realmente esperam de uma mudança no poder que têm em suas posições como cidadãos. Os direitos de escolher e ser escolhido, mas mais importante, o dever de escolher bem e ser altamente capacitado para se candidatar à escolha.

Artigo publicado na Tribuna de Petrópolis – 24/08/2010

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