terça-feira, 21 de setembro de 2010

Quem são os políticos?
Gabriela Pujol Bell Fernandes – educadora).

Candidatos ao cargo público, homens comuns, formados na cidadania como a população, mas interessados em representar a mesma, sendo que, de acordo com o relacionamento que mantêm com as suas convicções e estrutura de vida. “Tenho 30 anos e estou iniciando a minha carreira política, se eu não me comprometer com isso...”, essa afirmação é de um candidato, em uma conversa informal durante uma manifestação de campanha.
Um político como os outros que pretende dar significado à sua vida política e que precisa da confiança do eleitor, para alcançar seu objetivo. Não venho, por meio deste, defendê-lo por causa de uma simples declaração, mas pensar na questão do que é mais importante quando nos relacionamos com as causas públicas. Para isso, as idéias de Nietzsche em “Assim falou Zaratustra” fundamentarão este artigo.
“Deve construir algo que lhe seja superior. Antes de tudo, porém, é necessário que se construa a si mesmo”, essa afirmação de Nietzsche explica que para que haja o entendimento das necessidades alheias, precisamos estar em primeiro lugar, conscientes das nossas questões. Assim conseguiremos ter atitudes que num primeiro momento representam desejo individual de crescimento mas que, transformam a realidade na qual os gestos estão acontecendo.
É assim que deveriam ser construídas as relações humanas, com comprometimento. Comprometimento com as questões particulares e, principalmente com as questões sociais. Um político que entende a sua carreira como degrau para construir a si próprio, deveria pensar mais claramente que para ter êxito precisa de uma boa representação. Voltemos a Nietzsche, “para o espetáculo da vida entreter, é importante que seja representado. Para isso, são necessários bons atores”. Quando os homens conseguem entender que a cada minuto é tempo para uma atitude positiva em relação às condições necessárias à vida, eles estão indo de encontro ao que há de mais nobre na manutenção da existência, a busca e a interação com o Outro. ”Em você também ainda há de ressoar a voz da multidão. E você pertenceu à multidão durante muito tempo. Pode proporcionar a você mesmo seu bem e seu mal e retardar a sua vontade por cima de você como uma lei? Pode ser o seu próprio juiz e vingador da sua lei?. O pior inimigo, todavia, que pode encontrar , é você mesmo.”, assim Nietzsche continua a ensinar.
Dessa forma, ao nos comprometermos com as causas políticas, cidadãos e políticos, que somos, estamos nos relacionando em primeiro lugar com as nossas causas, e assim, diante de uma consciência de cidadania, mas acima de tudo, de amor e respeito ao próximo, transformamos a nós mesmos. “É necessário aprender a amar-se a si próprio com amor sadio, a fim de aprender a suportar-se a si mesmo. E não é um mandamento para hoje nem para amanhã este de aprender a amar-se a si mesmo. É, pelo contrário, a mais delicada, a mais apurada, a última e a mais paciente de todas as artes”, Nietzsche.
Por isso, a causa pública deve ser olhada com o mesmo comprometimento com o qual mantemos a nossa vida. Sejamos nossos melhores amigos, juízes, e assim, construtores sábios da nossa própria existência. Saibamos amar as causas sociais com o amor com que amamos a nós mesmos. E, então, conseguiremos com que o mundo seja um lugar acolhedor pois seremos cidadãos mais criativos na interação com as questões comuns, justamente por desejarmos atuar e representar nosso melhor papel a fim de que a platéia nos aplauda e quem sabe, continue aplaudindo para que estejamos novamente em cena.
Artigo publicado na Tribuna de Petrópolis – 2/09/2010

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